sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Perdida em devaneios comuns em momentos como estes, me surpreendo com o contorno dos seus olhos subindo junto àquela rajada de fumaça. Ah, fumaça. Sinto-me em paz, calma, envolvida num colchão de brisas, ventos leves e frescos a me beijar. Me faz perder definitivamente o controle dos meus pensamentos, e me faz esquecer de um corpo material que naturalmente eu sentiria falta neste momento.
É, certamente, mais, bem mais incomum o que estou sentindo. É o medo constante de olhar para o lado, perceber que tudo passou e foi em vão. Como se esse conjunto de alma e corpo que me entorpece cada dia mais, estivesse cada vez mais longe de mim, e traduz em severas palavras que o nunca mais pode existir mesmo.
Nos fins de tarde já é comum envolver-te em meus pensamentos. Satisfaz minha alma, me faz até esboçar sorrisinhos amistosos, e hoje o que resta é o medo de amanhã não poder mais te ver.
Você foi como uma brisa leve no fim de tarde que remove a areia dos olhos e os faz brilhar novamente, causando-me sensações que eu pensava não sentir outra vez; como uma chuva forte, que molha e refresca, mas se vai rapidamente; como o reggae que soa baixinho misturado com o verde. Você foi como o renascer do sol depois de um ano de tempestades, o despertar após um pesadelo...
Coisas pequenas, em que penso todas as noites no aconchego de meus lençóis, me causam arrepios, todas essas coisas me levam á uma pessoa só, tudo ao redor caminha com um sentido só, o caminho que você me ensinou, e não quer que eu passe novamente.
Depois de tudo, das tempestades, e dos dias de sol, ao menos sei que minha vida de algo vale, pois ainda tenho dentro de mim sentimentos mais fortes que as sensações físicas. Isso é o suficiente para me sentir viva; é o suficiente para amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário